Hoje eu sonhei contigo
Tanta desdita amor nem te digo
Tanto castigo que eu estava aflita
De te contar
Foi um sonho medonho
Desses que às vezes a gente sonha
E baba na fronha
E se urina toda
E quer sufocar
Meu amor vi chegando
Um trem de candango
Formando um bando, mas que era um bando
De orangotango pra te pegar
Vinha nego humilhado
Vinha morto-vivo
Vinha flagelado
De tudo que é lado
Vinha um bom motivo
Pra te esfolar
Quanto mais tu corria, mais tu ficava
Mais atolava, mais te sujava
Amor, tu fedia, empesteava o ar
Tu que foi tão valente
Chorou pra gente
Pediu piedade
E olha, que maldade
Me deu vontade de gargalhar
Ao pé da ribanceira
Acabou-se a liça
E escarrei-te inteira
A tua carniça
E tinha justiça nesse escarrar
Te rasgamo a carcaça
Descemo a ripa
Viramo as tripa
Comemo os ovo
Ai, aquele povo
Pôs-se a cantar
Foi um sonho medonho
Desses que às vezes a gente sonha
E baba na fronha e se urina toda
E já não tem paz
Pois eu sonhei contigo
E caí da cama
Ai, amor, não briga
Ai, não me castiga
Ai, diz que me ama
E eu não sonho mais